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“Deu para perceber que gosto de desafios?”. Foi em tom descontraído que a neurocirurgiã
Denise Marques de Assis, de 53 anos, contou sua história de 30 anos de carreira.
Denise se formou em 1988 pela Universidade Federal de Minas Gerais e realizou sua residência de Neurocirurgia na Universidade de São Paulo – em Ribeirão Preto. Atualmente, possui dois empregos públicos. “Em um deles, na Polícia Militar, vou todos os dias, tenho um horário a cumprir mais rígido. Sou chefe da Clínica Neurológica, com uma carga horária de 25 horas semanais presenciais distribuídas entre ambulatório, enfermaria e cirurgia eletiva”, conta. Além disso, a médica também completa 24 horas de plantões semanais em 2 turnos de 12 horas no Hospital João XXIII, em Belo Horizonte – MG, e também atende em consultório, uma vez por semana. “Para os finais de semana, rodízio com os colegas!”, completa a neurocirurgiã.
Mesmo com uma rotina exaustiva, a Dra. Denise parece ser incansável e quando perguntada sobre sua vida pessoal, a mesma afirma: “Consigo viajar nas férias, jantar fora e fazer coisas que pessoas normais fazem (risos)”. A neurocirurgiã é casada, tem um filho e também cuida de seus pais, que já são idosos. “Ao longo do tempo, a vida nos ensina a dosar e doar nosso tempo”, diz.
“Piolho de hospital”, é assim que a Dra. Denise se denomina quando era acadêmica. “Fiz todos os estágios possíveis e disponíveis para acadêmicos. Era muito curiosa. Nunca vou esquecer da minha primeira neurocirurgia. Operamos uma fratura com afundamento craniano em um lactente de seis meses. Desse momento em diante, fiquei ainda mais fascinada pela especialidade”, confessa.
Outra história que a médica se recorda é quando um neurocirurgião estava precisando de um acadêmico auxiliar e ela prontamente se ofereceu a ajudar. “Ele me perguntou em qual cirurgia eu já havia auxiliado e mais que depressa respondi: afundamento! Ótimo, é exatamente um afundamento agora. Mas… ele não me disse que era um fronto-basal aberto de um paciente chocado”, relembra.
Quando terminou a residência, a neurocirurgiã tinha em mente seguir carreira acadêmica. Porém, acabou se envolvendo com a carreira militar. “De certa forma, desenvolvi a docência lá, criando disciplinas e rotinas de treinamento de atendimento a vítimas em atividades militares. A Medicina de Urgência e Trauma aliada à vida militar também é emocionante”, revela.
Há muitos percalços que o sexo feminino deve enfrentar para realizar seu sonho. “A mulher é muito cobrada pela sociedade a estar muito presente em casa. Não necessariamente como dona de casa, mas à frente de exigências familiares maiores, principalmente, filhos. E a medicina nos exige uma dedicação em que é necessário dosar o tempo entre estudo, pacientes e família”, explica Dra. Denise.
Quando começou a Neurocirurgia há 30 anos, a especialista lembra que eram poucas mulheres e todas eram vistas como ousadas. “O meio era muito masculino e os colegas ficavam um pouco incomodados com nossa desenvoltura. Tínhamos que nos desdobrar, mostrar que podíamos fazer tanto ou melhor que eles, sempre trabalhando mais, pois não existia um meio de camaradagem”, ressalta.
Como um conselho para as mais jovens, orienta: “Vá atrás. Tente. Não desista sem conhecer. De um modo geral, quem está de fora só vê as dificuldades. Veja-as como oportunidades!”.